Semana passada fui fazer um check-up, e no laboratório fiquei observando o uniforme usado pelas atendentes: roupas justas, mesmo para um trabalho que exige que se abaixem e movimentem muito; e claro, meu olhar invariavelmente se volta para os calçados – sempre com salto, mesmo que baixo, apesar de terem que ficar horas em pé. 

Esse dress code feminino, o costume de ter que usar saltos e roupas justas, que prejudicam os pés e não favorecem todos os tipos de corpo, é ao meu entender uma visão “machista”. A mulher tem que se ajustar ao conceito do que acham bonito, elegante, “feminino”. Entretanto, a verdade é que ela não está no trabalho para ser feminina, mas sim para exercer uma função. Independentemente de seu gênero. Não interessa se é mulher ou homem. É uma profissional.

Coincidentemente, essa semana vi uma reportagem da CNN sobre uma companhia aérea ucraniana que aboliu saias justas e salto para as aeromoças, que agora usam um terninho mais folgado e tênis. A mudança foi implantada após a empresa escutar as comissárias, que sofriam com pernas inchadas após longas horas em pé sobre saltos altos. Além do que, alegaram que precisavam de agilidade no caso de uma pane, o que com certeza nem os calçados nem as saias lápis que usavam lhes permitiam. Essa convenção enraizada de como as mulheres devem se vestir, para mim, nunca teve sentido; e nos dias de hoje, continuar mantendo esse hábito é absurdo. É errado, desconfortável. 

Outro exemplo são as jornalistas de telejornal, que também permanecem horas a fio com os dedos apertados em sandálias e sapatos de salto altíssimo, enquanto os colegas homens estão no conforto de seus calçados baixos. Na verdade, os exemplos estão por toda parte.

Muito se fala em igualdade de gênero, e é preciso que isso se reflita também no direito por bem-estar e saúde com relação ao que vestimos. Desse modo, tarefas podem ser executadas com muito mais conforto, presteza e eficiência. 

Para estarmos realmente em pé de igualdade com os homens no exercício de uma profissão, precisamos também firmar o pé nessa ideia. Pois convenhamos, salto alto usado durante longas horas, não dá pé!